ZILDA BITTENCOURT - AMARRADA NA CRUZ NO CEMITÉRIO EM RIO GRANDE DOS SUL
O cemitério é o local que se guarda os
corpos após sua passagem aqui nessa terra. Ali devemos ter o respeito com
aqueles que partiram.
Enquanto uns dizem ser um lugar
agradável na paz do descanso eterno... Outros veem o cemitério como local
pesado, guardador de almas penadas e assombrosas.
O espaço usado para que o corpo degrade,
por vezes é usado como templo religioso, no dia das almas fazem missa, outros
fazem rezas, outros ainda acendem velas e levam flores.
Algumas religiões usam do local para
fazerem oferendas e rituais.
Também há quem viole túmulos e até
cometam crimes o que deixa os familiares em profunda tristeza e indignação.
Mas indignação mesmo foi uma mulher em
formigueiro que foi vítima de um ritual praticado por um homem que se dizia pai
de santo. A mulher crucificada na cruz dentro do cemitério.
Foi ali que Zilda deu seu ultimo suspiro
em companhia de seu esposo e de seu filho.
Esse caso de hoje achei
interessante trazer a vocês para que sirva como alerta de alguma forma quanto a
busca por ajuda espiritual em questões que são altamente perigosas.
Quero deixar já claro que
não é meu intuito trazer discórdia em questões religiosas ou preconceito de
algum tipo.
Zilda Correa Bittencourt,
uma mulher de 58 anos, mãe e casada. Moradora do município de Restinga Sêca,
que possui em torno de 15 mil habitantes.
Cidade que fica a 285 KM de Porto Alegre no Rio Grande do Sul.
A dona Zilda era uma
mulher depressiva, tinha esse diagnóstico médico, do qual fazia tratamento.
Mas algo além dos
sintomas de depressão a assombravam. Zilda sentia que possuía um espírito
obsessor que tomava posse de seu corpo, problema esse que se estendia por 20
anos.
A mesma chegou a procurar
por ajuda na igreja evangélica, mas a mesma chegava a desmaiar no culto, bem
como na presença do pastor. Pensava ela que diante daquilo só poderia ser
espirito mesmo.
E claro um espirito ruim.
Procurou alguns
benzedeiros, mas sem sucesso. Tais eventos espirituais ainda lhe perturbavam.
Foi diante de tantas
tentativas para buscar por cura que resolve buscar ajuda com um homem que
morava numa cidade vizinha chamada Formigueiro, um município pequeno em torno
de 6 mil habitantes.
No atendimento o bom
homem que não cobrava 1 real para fazer atendimentos disse a ela que precisava
fazer um trabalho espiritual para que ocorresse a desobsessão de espirito.
Ela por sua vez concorda,
ambos marcam hora e data para realização do ritual.
Mas afinal quem é esse
pai de santo? Esse abençoado era...
Francisco Carlos da Rosa
Guedes, um senhor de 65 anos de idade. Mais conhecido na comunidade como Chico
Guedes.
Natural de Cachoeira do Sul, chegou a ser seminarista, porém teria
sido afastado por suposto envolvimento afetivo com outros integrantes, o que
não era permitido dentro da instituição.
Nos anos 1980, fez parte de um grupo de jovens da igreja
católica da Diocese de Cachoeira do Sul, onde colegas descobriram seu histórico
no seminário.
Anos mais tarde, abriu uma oficina mecânica nas proximidades do Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul. Durante um período, morou na Rua Moron, no centro de Cachoeira do Sul.
Chegou a trabalhar em um circo, do qual atuava como palhaço!
E foi assim que foi viajando para diversas regiões do país, por alguns bons
anos.
Até que na primeira década dos anos 2000, passou a dormir num
ônibus velho, acampado no Bairro Quinta da Boa Vista, onde também mantinha uma
oficina mecânica num cenário composto por carros velhos e sucatas.
A situação que ele vivia nada convencional chamava a atenção
da vizinhança, homem solitário e descrito como estranho, vivei ali por vários anos,
até deixar a zona norte de Cachoeira do Sul, onde até hoje vivem alguns
familiares.
Chico Guedes, passou a morar na localidade de Quilombo
Passo dos Maia. Interior de da cidade de
Formigueiro.
Onde foi acolhido pela família de Jubal dos
Santos Brum, 67 anos e
líder quilombola, agricultor
e considerado católico.
Foi assim que Chico se tornou um pai de santo. Mas na
verdade, acredito que ele fazia atendimento por sentir necessidade de ajudar o
próximo de certa forma.
Era aposentado e fazia questão de realizar rituais de forma
gratuita.
Mas é aquela história, não é porque não cobra que a coisa é
boa... Mas o fato é que Zilda comenta com o esposo e o filho que havia marcado
hora e data para fazer o tal ritual.
No dia 9 de Fevereiro
pela parte da manhã o esposo e filho de Zilda levaram a mulher para
Formigueiro, cidade que fica a 30 KM de Restinga Sêca.
Local em que atendeu Zilda que chegou junto com o esposo e o
filho ainda pela parte da manhã. Onde foi atendida por Chico junto com Jubal .
Iniciaram o primeiro trabalho espiritual na mulher, depois
orientaram Zilda para que a mesma retornasse no fim da tarde, para se dar
continuidade ao trabalho.
Até que as 6 da tarde se iniciou o tal trabalho, que foi
feito abaixo de agressão. Isso mesma agressão!
Ela apanhava para que fosse retirado o espírito, mas pelo
jeito o tal espírito não saia. Por isso, levaram Zilda em torno das para o cemitério da Colônia Antão Faria, área
rural de Formigueiros.
Esse cemitério fica a 15 km da cidade de formigueiro, um
local bem distante de demais casas.
Um lugar muito bom para exorcizar alguém não é mesmo?
Em torno das 21:00 no cemitério junto com Chico e e Jubal
estavam também os filhos desse homem, Nayana Rodrigues Brum, 33 anos e Larry
Chaves Brum, 23 anos, que trabalhavam na agricultura junto com o pai.
Zilda passou por mais sessões de ritualísticas nas mãos dos
religiosos e acompanhada do filho e marido que assistiam a tudo aquilo, credo
que a mulher iria se livrar do espírito atormentador.
Porém, em dado momento o ritual no cemitério se deu por
encerrado, tudo teria que ter continuidade no templo.
No centro religioso, o trabalho de desobsessão se deu abaixo
de pancadaria.
A mulher já bastante agredida e bem provável fora de si de
tanta loucura em meio a isso, resolvem os 4 religiosos levarem Zilda novamente
ao cemitério.
E foi na cruz do cruzeiro, que ficava no fundo do cemitério
de frente ao portão, sendo assistida pelo filho e o marido que nada fizeram
diante do que seus olhos viam.
Velas acesas em meio aquele cemitério que ficava bem afastado
de casas, sem ter um socorro, alguém que tivesse piedade daquela mulher.
Zilda era brutalmente agredida, recebendo tapas, socos,
espancada por várias vezes com vara verde e pauladas. Não bastando isso ainda
batiam com a cabeça dela contra o chão.
A mulher gritava, chorava, berrava, mas nada
adiantava.
Parecia que tudo piorava. Até que determinado momento a
agrediram na cabeça e amarraram a mulher na cruz do cruzeiro. Crucificada deveria passar a noite toda até que a manhã
seguinte.
Os familiares eram informados que todas aquelas marcas que se
apresentavam no corpo de Zilda sumiria no dia seguinte, assim que fosse
finalizado o ato, ou seja, assim que o espírito saísse.
Pai e filho, por sua vez acreditaram.
Pois a todo momento eram informados que as agressões seriam
contra o espírito e não contra Zilda.
Aquele papo de sempre né, os gritos é do espirito, ela está
possuída, tudo o que estamos cheios de ouvir.
Os quatro religiosos deixam Zilda na supervisão do filho e do
marido, que deveriam ficar com ela ali até o dia seguinte.
Francisco, Jubal e seus dois filhos vão embora.
Nisso tudo já havia virado a noite, sendo a madrugada de
sábado, Zilda ainda gemia, já se passavam mais de duas horas os três sozinhos
no cemitério.
Porém em determinado momento a mesma parou de gemer, perdeu a
consciência, quando pai e filho se deram conta que Zilda não respondia mais.
Imediatamente eles ligam para o hospital para pedir por
socorro, os profissionais chamam a polícia também para dar reforço.
O esposo de Zilda liga para o pai de santo, mas quem vai prestar
socorro é Jubal com os dois filhos. Que
vão ao cemitério e colocam Zilda no carro para prestar socorro.
Sendo assim se deslocam para
levar a vítima até o hospital de Formigueiro, mas no caminho até o hospital, o
carro foi abordado por uma viatura.
Esta já estava a caminho
para atender o ocorrido informado pelo hospital.
Onde estavam dois
policiais militares que haviam sido chamados para o local do crime. Os
militares acabaram encontrando os envolvidos no caminho. Que por sua vez se
apresentavam calmos e tranquilos.
Segundo os policiais os
religiosos não demonstraram nervosismo. Como se não tivessem feito nada de
errado. Não aparentavam ter consciência da gravidade do ato que teriam
praticado.
Depois de falar com os
envolvidos, os policiais escoltaram o carro com a vítima até o hospital.
Zilda chega no hospital
na madrugada de sábado já sem vida.
Na casa de saúde, a equipe médica constatou que a vítima
apresentava diversas lesões de violência física.
O marido e o filho de
Zilda foram ouvidos como testemunhas do caso.
Os quatro suspeitos, autodenominados pais
de santo, foram indiciados por homicídio qualificado, considerando motivo
torpe, meio cruel e recurso que impediu ou dificultou a defesa da vítima.
Na mesma noite do crime, sai
o mandado de prisão, assim sendo os irmãos Larry Chaves Brum e Nayana Rodrigues
Brum foram detidos em flagrante pelas autoridades.
Zilda Correa Bittencourt foi sepultada no fim do sábado dia
10 de fevereiro de 2024 no Cemitério do Bom Retiro, na área rural de Restinga
Seca.
Dia 11 ainda na manhã de
domingo, Jubal dos Santos Brum, 57 anos, se apresentou-se na delegacia de
polícia, acompanhado de uma advogada.
Enquanto Francisco Guedes
foi capturado no mesmo dia na casa de Jubal, localizada no Quilombo Passo dos
Maia.
Os quatro religiosos
foram presos. Que por sua vez, alegaram ter praticado o ato a pedido do marido
e filho de Zilda, que afirmavam que ela estava possuída por "duas
entidades" há mais de 20 anos.
O laudo da necropsia
indicou que a causa da morte foram ferimentos causados por instrumento
contundente, possivelmente pauladas desferidas durante o ritual.
Na tarde de quarta-feira do dia 14 de fevereiro,
em São Sepé, ocorreu a audiência de custódia e a Justiça decidiu pela conversão
da prisão em flagrante para prisão preventiva dos quatro envolvidos no caso.
Para a defesa de Jubal e
dos filhos, os três não foram responsáveis pela morte de Zilda e são
inocentes. Contudo, as advogadas que defendem a família apontam a
responsabilidade para Chico Guedes.
A defesa de Chico Guedes alegou falta de provas e destacou a condição frágil devido à idade e problemas de saúde de seu cliente. Fez questão de deixar claro que Chico Guedes é aposentado e realizava atendimentos sem cobrar pelo serviço.
O advogado negou que a Zilda
tenha sido amarrada numa cruz durante o ato. Mas que houve um ritual, como
qualquer outro, dentro de tantas casas de religião.
E que provaria a
inocência de seu cliente.
Dia 6 de março, a promotoria
pediu uma indenização de R$ 300 mil para a família de Zilda.
Dia 2 de Abril o
principal responsável pela morte de Zilda o pai de Santo Francisco da Rosa Guedes, 65 anos.
Que estava no presídio estadual de São Sepé recebeu pela 1º Vara Judicial de São Sepé a prisão domiciliar.
Isso devido as doenças que ele possui, não sendo
possível receber tratamento onde estava preso. Segundo o advogado de defesa.
Chico Guedes foi diagnosticado com desnutrição,
dispneia, diabete, problemas crônico pulmonares, hipertensão, entre outras.
Dia 17 de Junho Jubal teve a liberdade provisória concedida, após audiência
no Fórum de São Sepé. A juíza responsável decidiu pela liberdade provisória,
“especialmente
por ser uma pessoa idosa, padecer de problemas de saúde, que dificultavam seu
tratamento no presídio, e pelo depoimento marido e filho da vítima que
afirmaram que Jubal não praticou nenhum ato de violência contra ela. Ao
contrário, prestou auxílio e socorro a Zilda.”
Dia 30 de Julho de 2024
ocorreu a reconstituição dos fatos que teria levado a morte de Zilda. Os quatro
suspeitos participaram da simulação.
Enquanto os irmãos Larry
Chaves Brum, 23, e Nayana Rodrigues Brum, 33, que seguem presos preventivamente.
A defesa de Jubal e dos filhos prefere não informar, neste momento, o
motivo pelo qual os três estariam participando do trabalho religioso junto a
Chico Guedes.
Mas garantem que, ao longo do processo judicial,
será possível esclarecer os acontecimentos. Onde haverá nova audiência para
ouvir testemunhas de defesas e os interrogatórios dos réus.
Agora é aguardar o resultado do processo público
quanto a esse caso.
Mas não tem como eu encerrar esse vídeo sem falar
sobre a fé cega em alguma crença independente de que crença for.
Uma casa de religião é acolhedora e jamais ela vai
agredir alguém. Além disso não faz parte do culto africano esse tipo de
conduta.
Claro que ocorrem coisas terríveis, uns queimam
gente nos rituais, tocam água fervendo, isso ocorre em algumas casas sim. Mas
pra isso eu teria que fazer um vídeo só falando disso. Principalmente na
questão de dinheiro.
E justamente por conta de dinheiro que existe o
que eu chamo de fábrica de pai de santo, isso porque muitas casas não tem
fundamento. As vezes a pessoa é de um estado vai pra outro estado, paga um
valor x, faz alguns ritos e sai de lá sendo pai de santo.
Para se tornar pai de santo ou mãe de santo são
anos de vivência dentro da religião, sacerdócio não é pra qualquer pessoa,
religião vai de pessoa pra pessoa.
Agora vocês podem se perguntar, mas o Chico não
cobrava nada... sabe lá Deus qual era a intenção dele, talvez ficar famoso, ter
reconhecimento...
Por que se esse homem tem um pai de santo eu
gostaria de saber quem é o tal.
Quem fez dele pai de santo e em cima de qual
fundamento? Onde se agride alguém, se tira desobsessão de espirito dentro do
cemitério.
As pessoas estão cada vez mais fracas, menos
amada, mais vulneráveis. É preciso prestar muita atenção.
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