O CRIME DE SINHÁ MOÇA – BRAGANÇA PAULISTA
Bragança Paulista está
situada no sudoeste do estado de São Paulo, em uma região montanhosa, perto da
fronteira com Minas Gerais, ficando a 89 km da capital.
Possui excelente clima,
comparável aos melhores do mundo, com temperaturas amenas. Não há secas
prolongadas ou poluição atmosférica. É rica em fauna e flora, com matas preservadas.
O clima de montanha deu a Bragança Paulista a condição de estância climática
desde 1964. É considerada uma cidade que se destaca pela qualidade de vida
promovida aos moradores.
Sendo referência em
saúde, segurança e educação, com excelentes índices. Inclusive, está entre as
10 cidades mais seguras do Brasil para morar. A cidade conta com amplo comércio,
escolas e faculdades compõem a maior parcela da economia local, seguidos por
indústrias papeleira, alimentícia, eletrônica e claro a rica agricultura.
Mas no ano de 2006 um crime chocou a cidade, ficando na história de Bragança, como um dos fatos mais cruéis ali ocorrido. Ficando o crime conhecido como O caso de Sinhá Moça, do qual leva o nome do comércio famoso que possui uma rede de lojas no interior paulista.
Eliana
Faria da Silva nasceu dia 15 de outubro de 1974, uma guria que desde nova era
muito esforçada, carismática, uma excelente filha. Natural de Bragantina
conheceu na cidade Leandro Donizzete de Oliveira nascido dia 14 de outubro de
1975.
Eliana
era exatamente 1 ano mais velha que Leandro, os dois se dava muito bem, eram
bem vistos por todos da comunidade. Se casaram, adquiriram casa própria no
bairro São Cristóvão e possuíam casa própria e um carro Fiat Pálio ano 96.
Depois
de um tempo de casados nasceu dia 19 de janeiro de 2001 o pequeno Vinícius
Faria de Oliveira.
Leandro
trabalhava como mecânico empresa Arcor. Um bom homem que assim como ela era muito
trabalhador, calmo e apaixonado pela família.
Enquanto
Eliana Faria da Silva, 32 anos trabalhava como gerente da loja Sinhá moça. Boa
funcionária, já estava com o grupo a muitos anos.
A loja Sinhá é uma rede de mais de 10 lojas do
grupo do mercado da moda, há 28 anos no mercado as Lojas Sinhá Moça estão
presentes em várias cidades do interior de São Paulo.
São
lojas grandes da qual vendem desde moda infantil, juvenil e adulta, contam
ainda com cama, mesa e banho além de tecidos. Uma loja de grande que oferece
qualidade e bom gosto nos produtos.
O
casal conhecia muitas pessoas de Bragança, principalmente a Eliana que
trabalhava no comércio. Entre as pessoas que ela conhecia se destaca nesse caso
a Luciana Michele de Oliveira Dorta trabalhava com Eliana no caixa da loja.
Casada
com Fábio a 8 anos o casal tinha duas filhas, Luciana era uma guria
maravilhosa, prestativa, boa mãe, honesta acima de tudo.
Ambas
conheciam Luís Fernando Pereira, tinha 37 anos, casado e possuía uma filha de
um ano e meio. Trabalhava como eletricista na mesma rede de lojas que Eliana,
no caso as lojas do grupo Sinhá Moça.
Luís
Fernando, tinha um concunhado chamado Joabe. Ele casou-se com a irmã de Joabe e
Joabe casou com a irmã de Luis Fernando.
Os
dois além de concunhados se davam muito bem, um ajudava o outro inclusive Luís
Fernando estava com um pouco de dificuldades financeiras num período e o Joabe
acabou quebrando um galho para o amigo lhe emprestando 4.500 reais.
Joabe
Severino Ribeiro, de 36 anos. Era ex detento, tinha habilidades para assaltos e
sequestro. Homem perigoso, intimidava as vítimas tocando o terror. Em liberdade
tornou-se e proprietário de uma serralheria que ficava do lado da casa onde
morava. Constituiu família e possuía um filho pequeno.
E
foi no cotidiano que Eliana acaba conhecendo o Luis Fernando, afinal trabalhavam
a anos jutos e através do colega conheceu também Joabe que várias vezes era
chamado para fazer algum serviço na rede de lojas.
Quando
ocorria de alguém precisar de algum serviço de especifico que eles prestavam
geralmente chamavam os dois.
E
foi o que ocorreu com o casal Eliana e Leandro usaram várias vezes o serviço de
elétrica prestado por Fernando. Bem como ocorreu com Joabe.
Já
quase chegando dezembro de 2006, Eliana e Leandro queriam aproveitar o fim do
ano para instalar grades na casa para ter melhor segurança. Como conheciam bem o
Joabe, chamaram ele para fazer o orçamento e ver quanto seria necessário investir.
O
problema começa é que os concunhados Joabe e Luís Fernando queriam levantar uma
grana extra. Poderiam eles quem sabe, trabalhar no contra turno, fazer serviço
no domingo, vender lanche.
Mas
não! Eles pensam quem sabe se a gente assaltar a loja onde eu trabalho? Lá eu
conheço bem! O outro bota mais pilha pois é tais me devendo uma grana quem sabe
assim tu me paga a dívida.
Mas
para roubarem o dinheiro teriam que ter acesso ao cofre. E claro! A gerente
amiga deles Eliana saberia a senha do alarme, bem como do cofre.
Então
deram continuidade a suas vidas normalmente. Luís Fernando tinha uma arma que
havia comprado naquele ano do sogro, que estava com preço bom ele aproveitou.
E
com aquela que querido dele, admirado por várias pessoas, certo dia ele pede para
um dono de loja de ferramenta atender ele depois do horário. O homem aceita
aguarda-lo. Deixa a loja com a porta fechada.
Até
que alguém bate na porta do comércio, o proprietário abre e já era! Um homem
desconhecido anuncia o assalto e foi assim que ocorre a limpa no caixa dessa
loja.
Que
coincidência, não é mesmo... mas essas coisas acontecem, o que não acontecia
jamais era alguém desconfiar de Fernando. Que em cada casa, ou serviço que realizava
fazia uma leitura completa do local, bem como as coisas funcionavam.
Talvez
a partir disso tomou coragem para soltar o monstro que existia dentro dele. Mas
não pensem que as pessoas não gostavam de Luís Fernando... ele era queridíssimo
e bastante conhecido na cidade, prestava serviços em várias casas.
Arquitetaram
um plano bem mal planejado para executar no dia 10 de dezembro daquele ano
2006. Isso porque época que as pessoas recebem e compram ainda mais época do
natal. Teria uma boa grana no cofre que provavelmente seria retirada da loja na
segunda.
Talvez
foi com esse pensamento que escolheram a data. Sabia Luís Fernando que naquele
sábado do dia 9 teve muito movimento na loja.
O
domingo do dia 10 seguia normalmente, mas era data que a empresa Arcor, onde
Leandro trabalhava escolheu para fazer a confraternização com todos os
funcionários, portanto participavam também os familiares.
Por
isso, Leandro levou com orgulho a esposa e o menino de 5 anos. Aproveitaram e
comemoraram o ano trabalhado de 2006 agradecendo a conquista, mas na expectativa
de um ano melhor que estava batendo à porta.
Assim
que encerra a confraternização, Leandro retorna com a família dirigindo o Fiat
Pálio 96 para casa no bairro São Cristovão onde moravam.
Porém,
nesse momento Joabe e Luís Fernando foram de Kadett, deixando o carro
estacionado próximo à casa do casal, a família entra na residência quando de
repente a luz se apaga.
Era
Luís Fernando que desligou o relógio, para que assim ficasse escuro o suficiente
para ninguém ver a ação. Como ocorre esse apagão Leandro vai até a caixa de luz
verificar o ocorrido.
Quando
é surpreendido por Luís Fernando encapuzado e Joabe cara limpa, sem disfarces
munido de uma faca e um revólver. Logo renderam Leandro e seguiram para dentro
de casa.
A
família foi amordaçada e amarrada, tanto pai como filho. Colocaram Leandro no
porta malas do Pálio e o menino Vinicius sentado no banco de trás.
A
todo momento os dois homens tocavam o terror ameaçando as vítimas. Eliana sem
entender nada passou a ser pressionada a levar eles até a loja para que eles
tivessem acesso ao cofre.
Eles
partem para o local, mas chegando lá Eliana conta que não tinha o segredo do
cofre, nem a chave para abrir o mesmo. Contou a eles que quem tinha o segredo era
a caixa da loja.
Foi
assim que ela foi obrigada a ligar pra colega pedindo as chaves, Luciana por
sua vez disse que poderia ir buscar, atendendo ao pedido de sua superior.
Naquele
momento Luciana estava em companhia do esposo chamado Fábio, que por sua vez
sabia que a mulher iria entregar a chave para a gerente.
Logo
o grupo parte para a casa de Luciana. Assim que eles chegam na residência da
caixa ela leva as chaves da loja, que sem observar nada de anormal entrega um
molho de chaves a sua superior e diz que vai junto.
O
grupo chegou a loja Sinhá Moça, as funcionárias desligaram o alarme 22:30, sendo
obrigadas a abrir o cofre e retirar todo o valor que lá continha, valor que
haviam trabalhado durante todo o sábado todo para adquirir. Se somavam em
18.341,90.
Novamente
ligaram o alarme 11:00. Ou seja, permaneceram 30 minutos dentro do estabelecimento.
Fábio
preocupado com a demora da esposa Luciana, pega o carro e vai até a casa de
Eliana, mas percebeu que tinha um carro Kadet vermelho bordo estacionado na rua
da frente da casa e as luzes da residência todas apagadas. Volta pra casa.
Enquanto
Luíz Fernando e Joabe estando
com todo valor que continha no cofre, eles voltam para a casa de Eliana, onde
haviam deixado o Kadett. Mas não deixaram a família em casa.
Joabe ouviu Eliana dizer baixinho
para a colega: "Fica tranqüila que eu sei quem está fazendo isso." Assim ele decide executa-los.
Por
isso, Luís Fernando permaneceu no Pálio, enquanto Joabe pegou o Kadett e
seguiram para a estrada velha que liga Bragança a Atibaia.
O
dia 10 já tinha acabado. Já sendo madrugada do dia 11 segunda-feira, 1:00 da
manhã quando chegam na Estrada Municipal nº 2, do bairro do Tanque, que dá
acesso à rodovia Fernão Dias eles param o carro deixando todos amarrados.
Deixando
o carro estacionado na entrada de um sítio, onde havia uma porteira de acesso.
Eliana
foi amarrada e amordaçada deixada no banco da frente do carro. O esposo sem
conseguir fazer nada diante de tudo aquilo ainda continuava amarrado no porta
malas.
O
menino Vinícius de 5 anos amarrado no banco de trás junto com Luciana também
amarrada.
Com
diversas ameaças que Joabe fazia nesse momento contra todos era atear fogo, mas
não ficou só na ameaça, havia ele levado solvente. Jogou o produto no carro e
nas vítimas.
Logo
Luís Fernando acende um graveto e toca contra o líquido inflável, enquanto
Joabe ainda ajeitava os corpos dentro do carro. Ali era mãe, filho, amiga todos
apavorados se mexendo e se debatendo como podiam.
Assim
que ele joga o pavio ocorreu uma combustão o que fez com que ocorresse uma espécie
de explosão, levantou chamas rapidamente, queimando inclusive o próprio Joabe que
teve o rosto e o braço queimado.
Enquanto
os dois fugiram no Kadett vermelho, os corpos pegavam fogo, Eliana já havia recebido
uma perfuração na nuca e o fogo tomava conta do corpo. Tanto Eliana como o
esposo Leandro foram queimados vivos. Nenhum dos dois resistiu.
Luciana
tentava de desprender das amarras até que conseguiu, mas com o corpo em chamas,
conseguiu abrir a porta e rolar na grama apagando as chamas que a consumiam.
Porém, já tinha mais de 70% do corpo queimado.
Mas
no caminho pra casa os concunhados decidem voltar ao local para garantir se
estava tudo nos conformes. E viram que uma das vítimas, no caso Luciana estava
ao lado do carro, mas ela por sua vez se fingiu de morta.
Eles
depois de cerificarem que haviam acabado com qualquer prova voltam pra casa.
Luciana
Michele de Oliveira Dorta, conseguiu memorizar parte da placa do veículo usado
pelos bandidos. Ela conhecia somente o Luís Fernando mas não havia visto o
rosto do homem.
Luciana
não desistiu e conseguiu retirar a criança do veículo. Arrastando o pequeno
garotinho para fora do carro.
Mas
Vinicius já tinha 90% do corpo queimado e destruído pelas chamas. Tomada pelo
desespero começa a caminhar na estrada, mas o menino não seguia o mesmo ritmo.
Em busca de ajuda naquele caminho sem moradores.
Luciana
corajosamente em meio a muita dor deixa o menino desnorteado na estrada,
enquanto ela caminhava em busca de socorro o mais rápido que podia. Chegou a
caminhar por 3 quilômetros até que recebeu ajuda de um casal que estava de
carro passando a caminho.
Ela
explica o ocorrido, sendo assim foi chamado por socorro policial e ambulância
que de direcionavam ao local.
Imediatamente
Luciana foi encaminhada para o hospital da Universidade São Francisco.
O
menino, que foi socorrido pelo delegado João Valle, que encontrou o menino
perdido, desnorteado, em estado de choque na estrada. Ele pouco conseguiu
caminhar.
Também
foi encaminhado com urgência estado grave para o mesmo hospital em que Luciana.
Rapidamente
a notícia se espalhou, a polícia teve acesso de quem se tratava das vítimas e
logo a família foi comunicada.
Ao
saber da morte da filha a mãe de Eliana precisou ser internada na Santa Casa de
Bragança com um princípio de derrame.
A
família entrou em choque, bem como toda a população de Bragança. Todos
apostavam na recuperação do menininho Vinícius Faria de Oliveira, embora o estado
de saúde dele fosse gravíssimo.
A investigação da polícia entrou na casa, que
estava com a porta destrancada. Na sala, foram encontrados pedaços de faixas
para ataduras com nós e uma vela.
Ouviram vizinhos que diziam ter visto apenas um
kadett vermelho do qual eles nunca haviam visto por ali.
Ainda
naquele dia 11 ocorreu o velório e posteriormente o enterro de Eliana e Leandro
no Cemitério da Saudade. Foram sepultados num Jazigo com dois compartimentos.
Tendo
de um lado a foto e homenagens a Eliana e do outro lado a foto e homenagens a
Leandro, 36 anos. Magali Rosa Faria da Silva, irmã de Eliana, passava a mão
sobre a foto do casal, enquanto dizia que só queria "justiça".
Muitas
pessoas foram se despedir do casal. A maioria incrédula com o ocorrido, não era
típico de Bragança um caso como aquele. Já que se trata de uma cidade pacifica.
O
que restava a dona Rosa mãe de Leandro era cuidar do neto, ela tinha certeza
que o menino iria se recuperar.
Mas
para a tristeza de todos na manhã de terça feira dia 12, o menino Vinícius
Faria de Oliveira, de 5 anos, foi a óbito, o mesmo foi velado e enterrado no
mesmo dia, por volta das 17h15 no Cemitério da Saudade, no município.
Porém
num túmulo em frente onde os pais foram sepultados. Lá possui uma foto e uma
homenagem ao pequeno Vinícius. Onde está escrito: “O nosso maior conforto é que
você está com Deus”
A
família completamente desolada, era uma mistura de comoção e revolta no velório
e no enterro.
Era
uma multidão de gente no velório dessa criança. Desde a própria família, como amigos
e moradores da cidade. A dona Matilde de Próspero chegou a dizer em entrevista
a tv local que Bragança inteira estava revoltada. Não iriam perdoar os
bandidos".
Ela
não conhecia a família, mas fez questão de comparecer ao velório e dar apoio aos
familiares. Outros moradores diziam que "Bragança não é cidade que ocorra
aquele tipo de crime que era estarrecedor".
O
prefeito da cidade na época seu João Afonso Soares, também acompanhou o
velório, classificou o fato como uma "fatalidade". Disse que todos da
cidade estavam surpresos com aquele crime e que era algo que fugia do alcance
de qualquer um.
Fez
questão de enfatizar que Bragança é uma cidade tranquila.
A
dona Rosa Donizete incrédula com a morte do neto, um dia depois de ter
enterrado o filho estava totalmente desolada. Foi uma das últimas a deixar o
cemitério.
Enquanto
passava a mão em cima do túmulo do neto dizia: "A mãe veio hoje aqui
deixar seu filho, um pedacinho de você que eu achei que fosse ficar
comigo", e assim lamentava Rosa Donizete de Oliveira.
Luciana
Michele Dorta, de 27 anos, foi a única sobrevivente, porém ficou internada com 70%
do corpo queimado. Levada para o hospital de Bragança.
Essa
guria com imensa dor consegue relatar aos policiais que lembrava do carro usado
pelos criminosos usados na ação, que se tratava de um Kadett cor vinho, ela
forneceu à polícia parte da placa do carro usado pelos criminosos, o que levou
os investigadores aos criminosos.
Rapidamente
o Detran cruzou os dados e conseguiu apontar o dono do veículo suspeito.
Mas
o quadro de saúde de Luciana era muito grave, além disso ela sofria ameaças e
precisou ser transferida para outro hospital, pois necessitava passar por
cirurgia.
Os
policiais por sua vez, pediam para que não fosse divulgado o nome do hospital em
que ela seria internada para garantir a segurança de Luciana, pois mesmo
naquela situação ela foi sofreu ameaças. A transferência ocorreu com escolta policial.
Com
as informações de Luciana e com os dados do Detran a investigação policial tem
conhecimento que o carro era de Joabe.
Ainda
no dia 11 no período da noite até a casa do serralheiro.
Mas
assim que chamam ele para conversar observaram que o mesmo estava com o braço
esquerdo queimado e o rosto, perguntaram sobre a queimadura, mas ele disse que
foi no serviço que acabou se acidentando.
Ao
ser questionado sobre o veículo Kadett, ele alegou que... ah! o carro que eles
estavam procurando foi vendido. Vendeu, mas o carro estava na casa dele e foi visto
pela polícia.
Que
inclusive verificaram que no interior do veículo foram apreendidos materiais
como pedaço de corda e presilhas, semelhantes aos utilizados no roubo para
prender as vítimas.
Joabe
a todo momento negava a autoria do crime. Dizia que tinha álibi que nem saiu de
casa no domingo, somente saiu pra fazer um serviço.
O
pior que o concunhado Luiz Fernando confirmou, bem como os familiares, que
acreditavam nele, ou seja, o período que ele ficou fora de casa estava
trabalhando.
Mas
mesmo assim foi preso e continuava negando qualquer envolvimento. Na delegacia
eles tiram uma foto dele e levam até Luciana que o reconheceu imediatamente. Ela
prestou os esclarecimentos para que o caso fosse solucionado. Todo o depoimento
foi gravado e transcrito.
Até
que na tarde de terça feira ele não aguentou mais a pressão policial que o
orientou a falar a verdade já que uma sobrevivente reconheceu a foto, bem como
o carro.
Foi
assim que ele acabou confessando o crime e afirmou que o cunhado também teria
participado da ação. Este era Luís Fernando Pereira.
Mas
ao ser questionado sobre o dinheiro roubado ele disse que todo o valor havia
sido queimado junto com o carro da família.
E
aquela tarde rendeu! Assim que a polícia faz o pronunciamento informando que Joabe
Severino Ribeiro admitiu ser um dos autores do crime e apontou um cunhado seu
como comparsa.
A
população extremamente revoltada minha gente... Aí sim deu pano pra manga! O
povo da cidade não é fraco não, queriam justiça a todo custo.
Se
reuniram ainda no período da tarde em torno de 800 moradores, isso mesmo 800
moradores, é muita gente! Todos diante da Delegacia Seccional da cidade. A
manifestação demonstrando repúdio ao assassinato de um casal e do filho de 5
anos.
A
multidão exigia que o serralheiro de 36 anos, fosse levado para fora da delegacia,
já que nesse momento ainda no período da tarde do dia 12 Luís Fernando Pereira,
foi preso e prestou depoimento à polícia, porém devido as manifestações ele foi
levado para outro município para prestar esclarecimentos.
Lá
a princípio ele negava autoria do crime, até que depois de muitas perguntas ele
acabou confessando o crime disse que só fez o que fez pois foi pressionado pelo
cunhado porque a ele 4,5 mil.
Mas
indicou a participação de um terceiro envolvido no crime, isso para colocar a
culpa em alguém e amenizar o peso que era só deles.
Chegou
o período da noite e as pessoas continuavam em protesto, eles não desistiam
queriam que nada passasse em branco, afinal foi um crime de extrema crueldade.
Por
volta das 19h15, uma das irmãs de Eliana, Magali Rosa Faria da Silva, de 34
anos, gritava "Ele acabou com a minha família", carregando consigo uma
foto do casal morto.
Gente
até de contar já é angustiante, vocês imaginam só lá no momento e toda aquelas
pessoas clamando justiça.
A
Magali estava transtornada, desesperada e continuava gritando e chorando ao
mesmo tempo dizendo "Ele destruiu a minha família", isso porque além
de perder a irmã, o cunhado e o sobrinho ainda havia a situação da mãe dela.
Na
quarta-feira dia 13, a polícia voltou a interrogar a dupla no Centro de
Ressocialização de Bragança, onde a dupla estava presa. Os policiais queriam
acabar com a dúvida de que havia um terceiro envolvido no crime.
Com
os dois juntos confessando cada detalhe do crime relatando cada detalhe sem demonstrar
qualquer arrependimento. Contaram onde haviam escondido o dinheiro.
Ambos
tiveram a prisão preventiva decretada até o julgamento.
Foi
através das próprias informações prestadas por eles que a polícia localizou no
período da tarde o dinheiro roubado da loja Sinhá Moça, uma quantia de R$ 15.459,26
dentro de sacolas da que estava escondido no forro da edícula da casa de Luiz
Fernando.
O
investigador Heleno Ribeiro de Souza, alegou que embora a suspeita fosse de que
R$ 20 mil reais, não havia indícios de que houve separação da quantia.
A
polícia de Bragança Paulista já consideravam o crime solucionado e o delegado
Paulo Afonso Tucci, da Delegacia Seccional da cidade descartou a possibilidade
de um terceiro envolvido.
Disse
também que o crime foi premeditado. "Eles levaram o solvente e sabiam que
seriam reconhecidos pelas vítimas". E que Luís Fernando era o mentor de
tudo, enquanto o outro que já tinha as artimanhas de sequestro, aí vocês já
sabem... juntou a fome com a vontade de comer.
Esclareceu
a população a frieza dos assassinos que ao serem questionados sobre como
ficaram ou o que fizeram depois que chegaram em casa. E a resposta deles foi:
tomamos banho, deitamos e dormimos.
No
dia 14, quinta feira, ocorreu a reconstituição do crime ainda no período da
tarde. Onde explicaram a ação de cada um inclusive Luís Fernando Pereira contou
que se sentia um monstro.
E
que participou do crime por querer quitar a dívida que tinha com o concunhado
Joabe, pois devia a ele R$ 4,5 mil e o homem vivia o ameaçando.
Contou
ter comprado um revólver do sogro a 9 ou 10 meses antes do ocorrido, pois estava
com preço barato, mas nunca teve arma.
Sobre
o momento do crime contra a vida das vítimas ele confessou que Joabe havia espalhado
o líquido inflamável.
E
ele pegou uma varetinha enquanto as pessoas estavam se mexendo dentro do carro,
pensou ele que Joabe estava desamarrando as vítimas. Daí ele chegou perto e
explodiu.
Obvio
que é mentira gente, tocar fogo assim é algo além da crueldade. Ele fez
propositalmente, para não deixar testemunha.
Pediu
perdão a família, disse que os amava. E
se eles um dia pudessem o perdoar pelo que fez. Bem como, pediu perdão a esposa
e dizia que o mesmo servia para a filhinha de 1 ano meio
Joabe
ao lado do concunhado apenas disse: "eu peço o mesmo".
A
revolta era tanta da população por conta da crueldade que Joabe e Luís Fernando
fizeram contra a família que era discutida até mesmo entre os detentos. E não
deu outra! Os presos queriam o coro desses dois a todo jeito.
Diante
do risco de vida que eles sofriam de serem linchados ainda em Bragança que foram
transferidos para Sorocaba, a 100 km da capital paulista. Sendo escoltados em
dois carros da polícia.
Mas
não adiantou, porque chegando lá, os dois foram levados para uma cela da área
de “seguro” na Penitenciária Dr. Antônio de Souza Neto, a P-2. O presídio é
considerado de segurança máxima.
E
a presença dos dois irritou os 1.290 presos do complexo que fizeram "muito
barulho" quando souberam da chegada dos bandidos. "Foi só gritaria,
do tipo: traz eles aqui pra nós". Além disso os detentos bateram nas
grades para exigir a saída dos dois homens.
Sendo
assim foram transferidos para o Presídio de Tremembé no vale do Paraíba a 138
km de São Paulo.
Na
sexta feira do dia 15 de dezembro o inquérito sobre o latrocínio que chocou a
cidade de Bragança foi encaminhado à 2ª Vara Criminal da cidade e distribuído à
Promotoria.
Nesse
mesmo dia Luciana Michele Dorta, passou pela primeira cirurgia, na tentativa de
reconstituir o tecido das áreas queimadas, que foram mais de 70 % do corpo.
O
procedimento ocorreu dentro de padrões normais, onde passou de estado grave para
estável.
Enquanto
isso a população de Bragança se mostrava indignada com a atrocidade ali
ocorrida, como forma de protesto, na madrugada de sábado do dia 16 de dezembro
de 2006 a casa de Joabe Severino foi pichada com palavras de covarde, assassino
e maldito.
Enquanto
a família de Luís Fernando saiu de casa com medo de sofrerem represálias pela
população. Ninguém da família dos dois criminosos foram encontrados no bairro
de Águas Claras.
A
família além de amedrontada também estava incrédula com o fato, pois os dois enganaram
também os familiares.
No
domingo o clima na cidade ainda era de tristeza e revolta. Familiares, amigos e
moradores do município se reuniram na missa as 19:00 na igreja Nossa Senhora
Aparecida, na Vila Aparecida e fizeram em homenagem às vítimas.
Dia
21 de dezembro de 2006, onze dias após o ocorrido Luciana
Michele de Oliveira Dorta, 27 anos que estava internada na Santa Casa de Limeira
(SP), faleceu 7 e 40 da noite.
Luciana era casada havia nove anos com Fábio Dorta. Deixa duas
filhas, uma de nove anos e outra de cinco anos.
O velório e o enterro foram lotados de amigos, parentes e
população da comunidade que e reuniram para se despedir de Luciana eu foi uma
verdadeira heroína, teve um gesto de muita coragem ao tentar salvar o menino de
cinco anos. E tirar forças naquelas condições que estava.
Ela também foi sepultada no cemitério da saudade onde tem em seu
túmulo uma placa em homenagem a ela. Com Honra ao mérito: Heroína da tragédia da
Loja Sinhá Moça.
Dia
20 de fevereiro de 2008 O juiz Laércio José Mendes Ferreira Filho, da 2ª Vara
Criminal de Bragança Paulista.
O
resultado teve como condenação a Joabe Severino Ribeiro e Luis Fernando Pereira
a 60 anos de prisão em regime fechado e pagamento de 80 dias-multa.
Além
disso sem possibilidade de recorrer em liberdade ou receber qualquer outro
benefício face ao caráter hediondo do crime que cometeram.
A
condenação se deu por "dois roubos, com suas consequentes circunstâncias,
agravantes e qualificadoras". O primeiro roubo atingiu o veículo da vítima
Leandro e o segundo que recaiu sobre o dinheiro subtraído do estabelecimento
“Sinhá-Moça”.
Na
avaliação do Juiz a qualificadora existente é a do latrocínio, pois com a
subtração do veículo já exposta e o resultado morte caracterizado com a
violência empregada após a subtração, consumada a infração de roubo
qualificado".
Ambos
os acusados agiram como co-autores, "pois programaram juntos as ações e
executaram todas as fases dos crimes em unidade de pensamento, cooperação e
divisão de tarefas".
Mas
no dia 14 de outubro de 2009. O Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu
recurso impetrado pelo Ministério Público paulista e aumentou de 60 para 120
anos de reclusão a pena imposta a Joabe Severino Ribeiro e Luiz Fernando
Pereira.
A
defesa negou que os réus agiram com dolo ao roubar o veículo, mas que apenas
pretendiam usar o Pálio passageiramente para transporte. A defesa sustentou,
ainda, que seus clientes não agiram com intenção de praticar o crime de
latrocínio, uma vez que as vítimas morreram apenas porque não houve tempo de
retirá-las de dentro do carro antes da explosão.
O
advogado pediu a desclassificação dos delitos para o de roubo qualificado.
O
tribunal paulista não atendeu aos pedidos da defesa por entender que os
acusados agiram com dolo, pois ao atearem fogo no carro tinham plena
consciência de que causariam a morte das quatro vítimas.
Atualmente
os túmulos das vítimas desse caso, populares costumam deixar garrafas de água
sobre o túmulo.
O
caso de Sinhá Moça nunca foi esquecido pela população de Bragança Paulista, que
assim como a família das vítimas, carregam esse luto eterno, foram duas famílias
que perderam seus entes queridos. Hoje as filhas de Luciana devem estar
adultas, crescidas. Mas tenho certeza que devem carregar muito orgulho dessa
mãe. E quanto a família de Eliane e Leandro sem sombra de dúvidas, nunca mais
voltou a ser a mesma. Afinal a gente se acostuma com a ausência, mas a saudade
só cresce.
Vou
ficando por aqui, um grande beijo e que o universo nos abençoe.
Referências:
https://www.conjur.com.br/2009-out-14/tj-paulista-dobra-pena-reus-condenados-quatro-mortes/
https://www.migalhas.com.br/arquivo_artigo/art20080222-4.pdf
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