A ESCOLA DOZIER ou REFORMATÓRIO da FLÓRIDA
Como iniciou a história do reformatório da Flórida
Vamos
iniciar a história deixando claro que o estado da Flórida tinha a pouco tempo
encerrado com a prática escrava de negros. Os negros por sua vez geralmente
trabalhavam em campo e lavoura.
Eram
famílias inteiras pais, mãe e filhos que o estado fornecia como mão de obra
para grandes fazendeiros até então.
Com
a liberdade dada aos negros, muitos não tinham para onde ir e nem onde
trabalhar. Por fim cometiam pequenos delitos. Pois não sabiam ler nem escrever
e nem conseguiam emprego.
Acabavam
presos e o estado os colocavam os detentos para trabalhar em campos, substituíram
os negros escravos por detentos. Ou seja, elas por elas. Trabalhando como
escravo a mesma coisa.
Onde
os brancos julgavam e cometiam a justiça deles mesmos, com as próprias mãos
como bem entendiam, cometendo os absurdos que cometiam e nada acontecia.
Eu
nem vou colocar as fotos aqui, porque são bem chocantes. Mas só pra deixar
claro que com os executantes brancos nada acontecia...
O
governo da Flórida queria construir um reformatório na cidade de Mariana e não
faltou empenho para que pessoas com muito dinheiro doassem não só muito
dinheiro, mas também terrenos em grande extensão.
A
escola foi construída em Mariana na Florida, em uma área de 6KM² QUILOMETROS. Longe de casas, longe do centro
da cidade, um lugar em meio ao nada. Impossível fugir, impossível pedir
socorro.
Sendo
organizada primeiramente em
1897, e inaugurada dia 1 de Janeiro de 1900. Até então
funcionaria como reformatório.
A intenção do estado era ter um lugar onde jovens infratores
que cometessem atos contra as leis do estado, assim eram separados de jovens ou
adultos que eram verdadeiramente criminosos.
Ou seja, pequenos delitos cometidos por jovens eles eram enviados para
o reformatório. Entre os anos de 1900 a 1913 era conhecida como Escola
Reformatória do estado da Flórida.
Por que os meninos paravam no reformatório.
A instituição era muito bonita, limpa,
contava com um vasto jardim que por sinal era muito bem cuidado. O lugar
encantador, jamais passava a impressão que seria um ambiente de tortura física
e psicológica.
As
famílias, eram influenciadas por algumas igrejas a enviarem seus filhos
adolescentes para o tal reformatório.
Os meninos enviados para o reformatório
eram aqueles pegos fumando cigarro, os que não queriam participar da igreja
conforme a vontade dos pais ou pastores.
Também paravam no reformatório os garotos
que eram de uma família religiosa e eram pegos ouvindo rádio, os meninos que respondiam
para os pais, ou não tivesse dentro das regras familiares ou sociais.
Bem como os que eram pegos em pequenas
mentiras, os meninos que se metiam em brigas com outros meninos, os que
faltavam aula. Esses eram os jovens infratores que paravam no reformatório.
Ao
serem admitidos passavam por uma entrevista com psiquiatra, o profissional por
sua vez, fumava cachimbo na frente das crianças e perguntavam muitas coisas em
sua grande maioria sobre sexo.
As cabanas
eram divididas por idade. Geralmente com diferença de 3 em 3 anos.
Ficavam os meninos internos coloridos assim
eles intitulavam, ou seja desse lado ficavam todos que não fossem brancos.
Jamais sob hipótese alguma os dois lados poderiam conversar, brancos não poderiam falar com os negros e vice versa. Afinal se fossem pegos conversando... Eram castigados.
Os meninos ficavam de certa forma até
felizes ao chegar no reformatório, pois o lugar além de encantador, contava com
área esportiva, teriam a oportunidade de jogar bola.
Além disso a instituição possuía áreas
recreativas, ou seja, quem chegava até o reformatório a imagem que passava era
que além de educação havia incentivo ao esporte, além de qualidade de vida.
Eles trabalhavam como escravos, mas com a
diferença de lados. Lado Sul os meninos brancos, faziam limpeza, cuidavam das
roupas, costurava, faziam comida, trabalhavam também na lavanderia.
Já o lado norte, onde estavam os meninos
“coloridos” o serviço era árduo, estes carpiam, plantavam, cuidavam das
galinhas, porcos e animais de porte ainda maior como gado. Bem como construção
e limpeza de fossa.
Na verdade, o campo era grande, havia muito
a plantar e a colher para enviar ao governo, visto que eram poucos internos e
muita produção.
Internar os meninos por seis meses era
pouco tempo para a reforma dos garotos. Então precisariam que eles ficassem em
torno de 4 anos.
Os meninos estavam sendo escravizados, não
recebendo nenhum tipo de educação, nem afeto, nem nada apenas era acorrentados
e maltratados.
Digamos que alugados a fazendeiros que
necessitassem de mão de obra. Era trabalhando em campo, tirando resina de
árvores e até trabalhando em minas.
Ou descarregando carga de trem por 12 horas
por dia. Isso mesmo as crianças eram alugadas. Tudo isso na pregação do estado
que os meninos estavam sendo reformados.
Em 1901, um ano após a inauguração do
reformatório foram feitos relatos de crianças acorrentadas às paredes com pés
de ferro, surras brutais como verdadeiros escravos.
Um
comitê investigativo para o Senado da Flórida emitido em 1° de junho
de 1903 escreveu:
Encontramos alunos em algemas de ferro, como criminosos comuns, o que
pelo julgamento de nosso comitê não é o significado de uma “Escola Reformatória
do Estado”.
Já que nos dizeres da criação da lei consta a palavra “escola”, e
essa não deveria ser assim interpretada por aqueles em autoridade da referida
Escola Reformatória.
Não temos hesitação em dizer que sob a presente administração, a
instituição é nada mais nada menos do que uma prisão, onde prisioneiros juvenis
estão confinados.
Devido a quantidade de horas trabalhadas os
internos ficavam com bastante sono no dia seguinte, por vezes cochilavam
durante as aulas, a professora por sua vez os castigava.
Com reguadas nas mãos e dedos, até a régua
quebrar.
As brigas entre os meninos eram constantes,
os mais fortes que geralmente trabalhavam carpindo e plantando procuravam fazer
brigas com os meninos mais magros.
E quem apanhava geralmente era castigado
por ser fraco.
A temível Casa Branca
Eram muitos os castigos e frequentes, se
iniciava com pequenas agressões por parte dos que vamos chamar aqui de guardas,
contra os menores. Eram tapas e socos até chegar aos castigos mais severos.
Estes ocorriam dentro da casa branca. Lá
era o local torturante, as paredes ecoavam os gritos desesperadores dos
internos, bem como o cheiro que exalava de xixi e cocô dos castigados.
A casa
branca era uma casa pequena comparada as demais estruturas da escola. Era nesse
local em que onde ocorriam os castigos corporais.
A casinha
era rodeada por estradas de terra e só alcançável com carro ou após
consideráveis caminhadas.
É na tão temida casa branca que eram
chicoteados com tiras de couro, agredidos pedaços de pau, tábuas ou pranchas de
madeira que marcavam pra sempre suas peles.
Tanto eram agredidos que as roupas brancas
ganhavam a cor vermelha de sangue que grudava no corpo dos internos.
A casa branca também era conhecida por eles
como a fábrica de sorvetes, já que os internos saiam de lá com várias cores,
roxos, pretos, azuis e vermelhos de tanto serem agredidos.
Segundo os menores tamanha era a dor que
sentiam por serem tão agredidos que perdiam a contagem de chibatadas, que por
vezes chegavam 75 a 100 chibatadas.
Quando depois eram jogados no chão junto
com outros castigados.
Os meninos que iam ao chão se urinavam e
alguns ainda faziam coco nas calças durante as agressões. Logo ficavam todos amontoados,
um a um com dor, em meio ao mal cheiro e desespero.
Não era incomum que a mão ou algum membro
do corpo dos meninos fosse decepado. Quando ainda resistiam à vida.
Resumindo ir para a casa branca e sair de
lá vivo era uma grande sorte. Independente que cor fosse eram castigados.
Bem próximo a casa branca ficava o hospital
do reformatório para fazerem raio x. Afinal não era difícil dos internos saírem
da cassa branca com perna quebrada, braço e mão. Quando ainda fraturas piores.
Nesse pequeno hospital que era menor, bem
menor que um postinho de saúde eles realizavam cirurgias.
Bem muitos internos desapareciam durante a
noite e eram carregados para um local longe pelos próprios funcionários da
instituição e nunca mais eram vistos.
A família por vezes recebia carta sendo
informada que a criança morreu de causas naturais. E se fosse pra cima do
estado, querendo e exigindo o corpo da criança a escola enviava um caixão
lacrado.
Porém dentro do caixão que jamais poderia
ser aberto continha restos de obras e lama. Porque o corpo estava a quilômetros
de distância dos familiares.
Afinal o corpo não poderia ser enviado,
caso fosse estudado, saberiam que a criança não faleceu de causas naturais.
Algumas crianças sofriam traumatismo
craniano de tanto ser agredida, outras abusadas de todo jeito e outras ainda
acabavam tendo uma parada cardíaca na própria surra que levava dos
funcionários.
Eram punições severas a quem poderia as
vezes nem fazer nada, para receber tudo aquilo.
Embora o tempo passasse e alguns recebessem
a visita dos familiares, jamais poderiam contar o que ocorria dentro daquele
reformatório.
Pois eram ameaçados a levarem mais
castigos, mais espancamento ou até algo pior.
Muitos nunca receberam a visita de suas
famílias, já que o local era muito longe e eram crianças de famílias pobres.
Outros nunca voltaram pra casa... estavam
enterrados em uma área da dependência do reformatório.
Quando por um evento da natureza uma mãe
tentasse ver seu filho, algumas eram informadas que a criança faleceu. A
administração do reformatório alegava qualquer desculpa ou por afogamento.
Ou assassinada por um interno, ou havia
ficado doente e pronto os familiares só sabiam que elas estavam enterradas no
cemitério da escola.
As mães nada poderiam fazer, era como se o
governo comandasse até mesmo isso. Não restava muita coisa a não ser virar as
costas e chorar no caminho de casa.
Outro relatório investigativo foi escrito em 1911, mas como tudo aquilo favorecia o bolso do estado nada faziam. Descreveram do seguinte modo:
Os alunos são por vezes desnecessariamente e
brutalmente punidos, sendo o instrumento de castigo uma alça de couro atada a
um cabo de madeira.
Não
demorou muito para que o reformatório passasse a possuir muitos internos, bem
como o reformatório passou a receber não só os pequenos infratores, mas também
os órfãos.
As
crianças que haviam perdidos seus pais e não tinham familiares que pudessem
ficar com eles eram enviados para o local, que recebia órfãos de até 7 anos.
O
pior é que as crianças paravam no reformatório com grande esperança que teriam
um lar, que seriam ajudados, passariam a ter abrigo e quem sabe uma vida melhor.
Afinal
um reformatório se dá a entender que sai reformado...
Mas reformado já não era
um termo que ficaria bem para uma instituição do estado e o termo tornou-se
pejorativo porque virou uma espécie de reformatório, que por sinal nem se usava
mais esse nome.
Diante disso a
instituição mudou de nome para manter a ideia de educação, chamaram de escola.
Assim ficaria mais educativo.
A sociedade entenderia
que não se tratava só de um reformatório, mas de um local onde era educacional.
Por isso entre 1914 a 1957 passou a se chamar Escola Industrial da
Flórida para Garotos. Nesse período, ocorria a revolução industrial.
Já é de se imaginar que precisariam de mão de obra para trabalhar na
produção.
Logo não só os meninos indisciplinados se encontravam no reformatório,
como eram enviados meninos encontrados nas ruas, ou em condições não tão
favoráveis para irem para o reformatório.
Novos
óbitos foram contabilizados durante a epidemia de gripe espanhola em 1918, quando onze alunos supostamente
infectados morreram nas dependências do reformatório.
Logo
quando mudou o nome de reformatório para escola as primeiras mortes de que se
tem conhecimento ocorreram em um incêndio no ano desse mesmo ano.
Seis
estudantes e dois funcionários ficaram presos no dormitório e morreram
sufocados.
No
momento do incêndio o superintendente e alguns membros de equipe estavam em um
cabaré na cidade, o que condenou as vítimas à falta de socorro.
No
dia 05 de
janeiro de 1915,
o grande júri do condado de Jackon declarou:
Achamos que os empregados da instituição são homens que não estão
estabelecidos na vida, não tem experiência alguma em criar garotos próprios ou
de qualquer outra pessoa.
Não sabem nada sobre a ciência de educar e orientar crianças para
o caminho que elas devem seguir.
Consideramos que aqueles jovens rapazes que estão encarregados da
supervisão direta dos garotos são pessoas imorais e não apropriadas para
liderar meninos rebeldes no caminho da reforma.
Até que em 1922 a coisa estoura. Veja:
Martin Tabert era morador de Dakota do Norte, que
foi preso em dezembro de 1921 pulando de um vagão de trem. Foi condenado a passar
3 meses na prisão ou pagar multa de 25 dólares.
Seus
pais pagaram 25 dólares da multa mais 25 dólares de passagem de volta,
mas o
dinheiro deles desapareceu no sistema prisional.
Logo
ele foi enviado para trabalhar na Putnam Lumber Company em Clara, Flórida , aproximadamente 97
KM ao sul de Tallahassee.
Trabalhando
arduamente ele começou a ter febre, devido as feridas e inchaço nos pés.
Em
janeiro de 1922, Tabert foi chicoteado com uma tira de couro pelo
aproximadamente 150 vezes, por não conseguir realizar seu trabalho em meio a
floresta.
Derrubado
no chão de tanto ser chicoteado foi ordenado a se levantar. Como ele não
levantou o ceifador bateu com o chicote na sua cabeça.
O
chicote usado em Tabert era de um tipo conhecido como "Tia Negra",
um chicote de couro medindo 1,7 m de
comprimento e pesando 3,4 kg.
Tabert
que mal conseguia falar, pouco tempo depois conseguiu voltar para sua cama,
onde morreu devido aos ferimentos poucas horas depois.
Os
companheiros testemunharam diante o júri contra o chicoteador que foi absolvido.
Embora os meninos informaram que Martin ao ser levado pra cama e tirado suas
roupas, o garoto não tinha mais pele nas costas.
Devido
aos jornais noticiarem o caso. O governador da Flórida, Cary A. Hardee , encerrou o sistema
de arrendamento de
condenados da Flórida em 1923.
A escola Dozier
Em 18 de março
de 1948,
quando Arthur Graham Dozier assumiu o cargo de superintendente, a escola
voltou a ganhar alguns holofotes.
Ele
pregava o otimismo dizia que cada três alunos que entravam no reformatório, um
“nunca mais teria conflitos com a lei”.
Dozier
era esperto, ganhava a confiança das famílias fazendo festas natalinas com
decorações impecáveis montadas pelos próprios alunos, corais arranjados, ceias
fartas e adolescentes bem vestidos.
O
que rendeu no bolso, já que em 1956, com a escola chegou a possuir 698 estudantes e 128
funcionários, sendo considerado o maior reformatório da história dos Estados
Unidos.
Richard
Huntley foi mandado à escola no
final dos anos 50. Nascido em um lar desestruturado, órfão de pai e criado pela
mãe junto aos irmãos eles viviam se mudando.
Richard nunca frequentou a escola, jamais pisou em uma sala de aula. Se comportava de forma diferente e não recebeu orientações de como se comportar.
Colocou
os pés na sala de aula pela primeira vez aos 9 anos de idade com a esperança de
que iria aprender como outras crianças.
Mas teve dificuldades em se comportar conforme se esperava.
Ele
tentava fazer o que outras crianças faziam, mas ao retornar à sala de aula
depois do intervalo, ele começou a gritar. E os colegas não queriam brincar com
ele.
Depois
de algumas dessas repetições de comportamento, a escola chamou a polícia que
por sua vez ameaçou o menino. Logo Richard e seu irmão Arthur foram tirados da escola e devolvidos à mãe.
Essa
mãe levou todos de volta a Orlando, cidade natal de Richard e os matriculou na
Escola da Rua Holden.
As
crianças tiveram dificuldades em se adaptar, o irmão de Richard vivia na rua e
o serviço social observando a família.
Certo
dia estavam andando até o mercado e uma funcionária do estado os parou e
perguntou os nomes. Queria saber por que não estavam na escola.
Após
uma conversa rápida, ela os colocou dentro do carro e os levou ao Centro Juvenil
e lá ficaram até enviarem os irmãos para Escola da Flórida para Garotos em
Marianna.
Richard era um bom garoto e tentou fazer o seu melhor e obedecer a tudo o
que os cuidadores mandavam. Até que um dos meninos o chamou para uma briga de
rinha.
Se
não brigasse, aí que eles perseguiam. Então ele acabou batendo no outro garoto.
O que fez com que ele levasse castigo, os pequenos castigos.
Até
que os castigos iam aumentando. Certa vez levaram Richard e outros garotos
dentro do carro até a casa branca. Lá os fizeram andarem em fila pela sala quase
escura. Que parecia uma câmara mortuária.
Possuía
ventiladores enormes que barulhavam tanto quanto seus próprios medos.
O
senhor Mobley chamou o primeiro garoto na outra sala através do corredor, depois
o obrigou a deitar de bruços e agarrar aquela cama. Tudo o que se podia ouvir
eram as chibatadas e gemidos.
Ao
chegar a vez de Richard ele estava extremamente assustado, fingia que aquilo
não estava acontecendo. Imaginava estar em outro lugar e que iria morrer e se
encontrar com o próprio pai.
A
realidade chegou quando se viu deitado naquela cama horrível.
Já
toda urinada pelo menino castigado no momento anterior, até que veio o primeiro
golpe, que segundo ele relata era algo tão dolorido que nunca havia sentido
antes.
Outros
golpes surgiram sucessivamente e ele só rezava para conseguir não largar aquela
cama. Tanta era a dor que parecia tiros no cérebro e não sabia mais onde
estava. Richard pesava 45 quilos.
As
histórias contadas pelos ex internos eram parecidas com a de Richard. Alguns
deles relataram tudo o que ocorria lá:
James
Griffin, Marshall Daughtry, John
Ritower, Ralf Wright, Eddier Horne.
Dozier encerra seu trabalho no ano de 1957, ano esse que um novo nome
se instaura entre os anos de 1967 se chamando Escola da Flórida para Garotos.
Nesse
mesmo que a escola muda de nome em 1957 é ano Johnny Gaddy é admitido nessa
instituição.
Ele
tinha apenas 11 anos e chegou a ser levado para a casa branca, forçado a deitar
em uma cama e surrado com um cinto até sangrar cintura abaixo.
Em 03 de março
de 1958,
quando o reformatório já tinha o nome de Escola da
Flórida para Garotos,
um psicólogo de Miami e ex-membro de equipe do reformatório.
Doutor Eugene Byrd, resolveu apresentar um testemunho
sobre as surras na casa branca em um subcomitê de delinquência juvenil no
Senado:
Há duas salas. Em uma delas os garotos são
pesados. A outra sala, na qual eles são surrados, consiste em um catre sobre o
qual eles se deitam.
Eles são comandados a segurar a cabeceira e não
gritar ou se mover. São surrados pelo diretor do departamento, não pelo
superintendente da escola. O superintendente testemunha cada surra.
O Dr. Byrd explicou sobre os golpes severos.
Empregados com uma enorme força, com toda a potência do braço balançando para
cima e para baixo.
E com uma alça, uma alça de couro de aproximadamente dois
centímetros e meio de espessura e 25 centímetros de comprimento, com um longo
cabo de madeira na base.
Cada garoto recebe um mínimo de 15 golpes.
Apenas
oito dias depois, em 11 de março de 1958, Arthur Dozier negou que houvesse
brutalidade na escola, embora não tenha negado diretamente o uso prático do
edifício da casa branca.
Foi
a nos anos 1960, que o castigo corporal foi proibido na escola, embora proibido
parece que mais era uma mentira pregada para a imprensa. Fizeram outras mudanças para solidificar o que era
dito.
Modificaram
a estrutura escolar e o prédio da casa branca passou a ser uma espécie de
comércio onde tinha materiais de manutenção de estrutura como ar condicionados
e tintas.
Nesse período também eles não deveriam mais distinguir meninos brancos dentre os demais. Todos ficariam juntos.
Em
1961, na fronteira de Savannah, Georgia, um garoto de quinze anos chamado Jerry
Cooper pediu carona e acabou entrando no conversível Chevy errado.
O
motorista havia roubado o carro, e Jerry Cooper teve o azar de estar portando
uma espingarda quando a polícia rastreou o veículo. Assim que ele foi acusado
de ser comparsa do roubo.
Já é
de se imaginar para onde Cooper foi enviado... O garoto tinha um corpo
atlético, era rápido e grande, logo
foi escalado para ocupar a vaga de quarterback (que
vem a ser o atacante mais importante).
Na
seleção de futebol americano do reformatório. Se tornou um destaque na escola,
porém sofria as mesmas punições como os demais.
Pelo fato
do corpo grande parecer ser ameaçador para os administradores era castigado, ou
pelo simples fato de ser atleta.
A ficha
de Jarry constava delinquente foragido como motivo para a admissão.
A
primeira surra que o jovem Jerry levou foi extremamente brutal e por uma
acusação sem fundamento, conforme ele mesmo conta.
Certa
noite foi espancado até desmaiar. Pelas mãos de Tidwell, Dozier e um guarda,
levou 135 golpes, contados pelo garoto que estava na outra sala esperando
chegar a sua vez de ser castigado.
A
arma era uma alça de uns 60 a uns 90 centímetros de comprimento e uns 7
centímetros de largura. Às vezes eles viravam aquilo de lado para cortar a carne,
a pele e se pudesse quebrar os ossos!
Sem
entender o porquê apanhava, no dia seguinte soube que não havia motivos, o que
aconteceu foi que ao castigarem um garoto perguntaram o nome de seu melhor
amigo e o garoto citou o nome do atleta.
Os ventiladores
sempre se mantinham ligados durante os espancamentos era a forma de abafar os
gritos deles durante as surras.
As cuecas
adentravam na parte cortada, parte do próprio pijama ficava embutido na carne.
Após
apanharem eles eram obrigados a tirar a roupa grudada do corpo e tomar banho na
água fria na frente do padrinho de cabana.
Que
ficava vigiando os garotos, os internos contam que a água quando caia no corpo
queimava como fogo.
Jerry
Cooper foi tão agredido na parte interna das coxas, que teve seus testículos
profundamente machucados. E talvez por conta do grande inchaço na bolsa
escrotal ficou estéril.
Fato que
só descobriu muitos anos após seu casamento.
Robert
Straley, interno entre 1963 e 1964:
Foi
enviado ao reformatório por conta da mãe bipolar, tinha apenas 13 anos. Tinha um relacionamento abusivo com a minha mãe e começou a fugir
de casa.
Foi pego
de surpresa e enfiado dentro de uma Van com mais outro garotos e enviado ao
salão juvenil. Depois enviado com mais 7 meninos na traseira de um caminhão
para a Escola da Flórida para Garotos.
Ao chegar
ficou feliz, pensou no lugar incrível, percebeu que os meninos usavam roupas
normais e não uniformes, bem diferente das roupas que ele vestia.
Porém ele
não seria contemplado com aquelas roupas, pois só se vestia com roupas normais,
aqueles que os familiares enviavam roupas.
O
restante dos meninos usava uniforme desproporcional que o estado fornecia.
Ele
sofreu bastante no reformatório, por conta do seu jeito, e por ter um porte
magro e miúdo, se tornou presa fácil para os capatazes da escola.
Straley, apanhou múltiplas vezes e por acusações diversas, desde fumar a acobertar colegas e armar escapes. Mas tudo era muito complicado até de fugir.
Alguns
internos acabavam dedurando outros meninos, justamente os que eram favorecidos
pelos administradores.
Logo os
superiores ficavam sabendo de tudo o que ocorria dentro dos quartos, se caso
algum dos internos comentasse qualquer situação, como levantar algum tipo de
resistência ou revolta.
Straley
apanhava durante a madrugada, de dia e tudo era um tormento, por vezes apanhava
tanto que acabava ficando fora de sí.
Ele tinha
profundo pânico do capataz, que com apenas um braço quase o matava. Além dos
algozes terem um sorriso estridente.
Um
dos internos relatou sobre um professor chamado Sassor. Que pelo fato de o
aluno ter pronunciado seu nome errado enviou o pequeno garotinho para a casa
branca.
O
menino apanhou uma surra para aprender a lição sobre respeitar os funcionários.
Se tratava de um garoto de 13 anos com dificuldade na fala e pronúncia.
Havia uma
figura nesse período que marcou a história dos meninos e que por sinal era um
dos executores Troy Tidwell, ele tinha apenas um braço.
Porém
forte o suficiente para deixar uma marcar psicológica nos garotos e marca em
suas próprias peles, das quais carregaram pelo resto da vida.
Troy E.
Tidwell, foi um funcionário de longa data na escola, ele era o executor
principal dos castigos e permaneceu na instituição desde 1943 e 1982.
Um relato
extremamente triste também é do irmão de Gregory Sampson. O garotinho tinha 13
anos quando foi enviado para a escola dos Meninos da Flórida. Chegou a ser
interno no dia 13 de Março de 1965.
Gregory
voltou pra casa 8 meses depois em uma cadeira de rodas, sem mover os braços,
mal podia falar e com remendo no olho. Nunca contou o que houve. Morreu dia 6
de Junho de 1966 com 14 anos.
A família
nunca soube o que houve, mas o irmão Defrey Sampson foi para escola um tempo
depois e acabou descobrindo que o irmão havia parado na casa branca. E como
voltou.
John
Bonner, ingressou em 1967.
Jhon
passou não só os castigos corporais, mas também por abuso interno entre os
estudantes.
Outro ex
interno chegou a relatar o mesmo tipo de abuso e disse que sentia medo de dormir nos dormitórios trancados.
Pois
sofria abusos da equipe e dos garotos mais velhos, que eram livres para abusar
dele à vontade.
Ao que
tudo indica, os abusos eram recorrentes. Os garotos mais fortes recebiam
incentivos da administração, que jogava lenha na fogueira para colocar os guris
uns contra os outros.
Inclusive
as brigas que eram organizados pelos próprios funcionários. Os
alunos eram incentivados a se maltratar. Havia equipes de boxe na escola, e os
torneios internos eram bem populares.
A partir de 1967 a instituição passou a se chamar Escola Arthur G.
Dozier para Garotos, por fim sendo considerada uma instalação de compromisso
residencial de alto risco para garotos.
A
partir desse período os castigos corporais quanto a segregação racial foram
banidos da instituição. Nessa fase o governador visita a instituição.
Ele por sua vez lamentou que alguém deveria ter
dado um alerta muito tempo antes, observou buracos e vazamentos nos tetos
e paredes quebradas.
Baldes usados como vasos sanitários e ausência
de aquecimento no inverno. Além que a escola estava seriamente lotada.
Depois
de 11 dias sai uma matéria no jornal reforçando o caso em que dizia:
O inferno de 1.400 acres. Aqui, amigos, estão 605 de seus jovens delinquentes. Se eles não eram garotos realmente maldosos quando entraram aqui, as chances são de que eles estão aprendendo.
Aprendendo a cheirar cola, gasolina e cera de sapatos. Aprendendo
a roubar carros e invadir mercearias de uma forma mais profissional. E às vezes
aprendendo sobre sodomia e outras perversões.
A
exposição dessa realidade nefasta acabou chamando a atenção inclusive de mais
um oficial do Departamento Nacional de Saúde, que usou a palavra
“monstruosidade” para definir a escola.
E
de um juiz da corte juvenil, que também fez um tour pelas instalações e votou
para que “ninguém jamais enviasse um garoto para lá novamente”.
Outro
juiz atestou que a escassez de funcionários era tão grande que os alunos
ficavam sem supervisão alguma durante as madrugadas.
O
que aumentava exponencialmente o risco de abusos físicos e sexuais nos
dormitórios.
Toda
essa pressão e projeção da mídia deixaram a escola com a única alternativa de
substituir diversos membros de equipe e mudar algumas políticas internas.
Funcionários
foram ou demitidos, ou encaminhados a um programa em Red Wing, Minnesota.
Que
ensinava métodos eficazes para lidar com jovens em processo de reabilitação,
cujo mote era amor, e não medo, é o melhor remédio. Tudo se aquietou por alguns anos.
Porém
os alunos não foram examinados, nem
ouvidos e tudo indica que também não houve uma inspeção no interior do prédio
da casa branca e nem na enfermaria.
Foi
somente em 1978 que Jack Levine, um advogado do Serviço de
Proteção à Infância, estava lecionando para jovens delinquentes em um programa
em Tallahassee e ouviu falar sobre a Escola Dozier.
As
referências trazidas pelos adolescentes foram bem negativas, então no mês de
novembro do mesmo ano, em uma tarde de domingo.
Levine
decidiu levar suas credenciais e fazer uma visita-surpresa ao reformatório.
Ele
encontrou um prédio simulando uma prisão de segurança máxima, com um longo
corredor escuro rodeado por portas de metal.
“Há
crianças aqui dentro?”, perguntou ele a um guarda, que confirmou. “Quero
conhecer um dos meninos.”
A
cela era assustadora. Havia pouca circulação de ar, e a única abertura na porta
era estreita o bastante para deixar passar a bandeja de refeições.
Levine
encontrou um adolescente magro de cabeça raspada, sem camisa e somente uma
calça de pijama. “Há quanto tempo você está aqui?”, perguntou, vendo o guri se
encolher.
O
guarda respondeu: “Ele já está aqui há algum tempo.”
Contou
ao advogado que o adolescente havia sido trancado ali “para a própria segurança
dele”, pois outros internos mais velhos estavam abusando e sodomizando o
adolescente.
Levine
questionou o porquê da cabeça raspada, ao que o guarda respondeu: “Porque ele
estava arrancando os próprios cabelos.” Então o advogado quis saber: “E ele
está recebendo algum tipo de ajuda?” O guarda encerrou o assunto: “A gente só
passa a comida aí para dentro.”
Inconformado,
Levine levou o caso a um supervisor quando retornou a Tallahassee, mas não
conseguiu nenhum progresso ou ação contra a escola. E mais sujeiras foram
aparecendo. Diz a moderação do Explore With Us:
Em
1969 a Legislatura promulgou o ato de reorganização do governo, o que resultou
na divisão dos Serviços da Juventude, que se tornou parte do Departamento de
Serviços de Saúde e Reabilitação da Flórida.
Início dos anos 80, ocorre outra inspeção
alegando que as práticas de amarrar garotos com os punhos e os tornozelos para
trás, era comparada
a uma amarração de porcos.
Pela
semelhança com uma das técnicas utilizadas para imobilizar o animal na captura
ou antes do abate.
Mais
uma vez, um editorial do St. Petersburg Times se pronunciou. Em 24 de
novembro de 1982,
saiu a publicação:
A prática cruel não pode ser justificada.
Guardas não deveriam ser permitidos a amarrar em hogtie nem mesmo os
prisioneiros em cadeias de adultos.
Por que as autoridades deveriam ter permissão
para fazer algo tão barbárico a crianças?
Os oficiais do estado responsáveis por autorizar
essa prática merecem mais do que admoestação. Eles deveriam ser demitidos.
Em
1990, o Departamento transferiu a gestão da escola ao seu escritório de
Programas e Serviços para Crianças e Famílias.
Em 1994, o então governador Lawton Chiles solicitou a um tribunal
federal que “jogasse os restos de população na Dozier”.
Além
de “jogar os restos da população”, jogaram fora todas as iniciativas para
melhorar as condições dos adolescentes sentenciados àquelas instalações.
Em
1994 a escola contava com 130 alunos, e já havia um telefone instalado para que
os internos denunciassem abusos, mas os membros de equipe monitoravam as
ligações.
Denúncias contra a Escola Dozier
Em 1997, o já conhecido Roger Kiser decidiu abrir um website e cunhar o termo Os Meninos da Casa Branca, que também batizou a organização fundada por ele no ano seguinte.
Sua
iniciativa e o “boca-a-boca” alcançaram inesperados 400 ex-alunos, todos compartilhando
experiências da época da casa branca e formando uma rede de ajuda mútua que
logo se tornou um grande grupo de terapia.
De julho de 2004 a março de 2009, o DCF
(Departamento de Crianças e Famílias), investigou 316 alegações de abuso na
escola.
De acordo com documentos obtidos pelo The St.
Petersburg Times, 17 deles foram verificados. 33 tinham algum indicador de
legitimidade.
Foram mais de 100 depoimentos, incluindo
uma sala de abusos, onde chegaram a abusar de uma criança de 9 anos de idade. O
terror veio à tona e ganhava cada vez mais espaço para as denúncias.
Dentre
os casos comprovados esteve um incidente ocorrido em 11 de
fevereiro de 2007 com
o jovem Justin Caldwell,
então com 18 anos, descrito como “um garoto magrinho”.
Enquanto
Justin permanecia em pé em um dos dormitórios, foi agarrado por um guarda de
compleição física bem maior que a sua, e então atirado ao chão e depois
arrastado por dois homens.
As
câmeras de segurança flagraram a agressão, e logo o vídeo estava disponível no
YouTube.
Dois meses depois, um superintendente da escola
e um guarda foram demitidos. O
prédio está esvaziado e interditado desde 21 de outubro de 2008.
Os
traumas acompanharam os ex internos o restante de suas vidas, abaixo algumas
histórias que ficarão para sempre marcadas, na vida de cada um que entrou na
temida escola:
Robert Straley chegou a ter um colapso
nervoso no mercado Walmart por causa das memórias dos tempos da casa branca, e
constantemente saía de casa sem rumo definido.
Roger Kiser está no sexto casamento e ainda tem problemas
com abraços.
Charles Rambo não conseguia dormir no escuro até a idade de 25
anos, e James Griffin,
aos 63, ainda não consegue.
Jerry Cooper passou a vida tomando Lexipro para evitar crises
nervosas e tendo grandes problemas com autoridades.
Robert Lundy tentava espantar seus demônios com bebida e isso
lhe custou três casamentos.
Michael OmCarthy também recorreu ao álcool, o
que desencadeou depressão e crises de paranoia (quando jovem ele também flertou
com o crime, assaltando um posto de gasolina com uma arma de brinquedo e
passando sete anos na cadeia).
Eddier Horne ainda tem crises de phantom pain, ou dor fantasma, por causa das surras da casa
branca.
Stu Gregor ainda carrega a moeda de 50 centavos que tinha
no bolso da camisa no momento em que aguardava sua surra na casa branca e ouvia
o amigo apanhar, após ambos serem capturados em uma tentativa de fuga.
Na
época ele acreditou que a moeda foi o amuleto salvou a vida daquele colega,
impedindo os algozes de bater até o guri desfalecer.
Gregor
também não teve sorte nos casamentos, carregando cinco divórcios. Mas a moeda
da sorte ele nunca conseguiu largar.
E
foi graças à iniciativa de Roger Kiser que esses ex internos puderam se
encontrar novamente.
No
ano seguinte ao do incidente com o jovem Caldwell, o estado da Flórida já
estava dando mais atenção às investigações sobre o histórico da escola reformatória
e o grupo de vanguarda fundado por Kiser.
O
dia 21 de outubro de 2008 os membros se reuniram na
área da escola e visitaram a temida casa branca.
Robert
Straley não disfarçou sua dificuldade em voltar ao local e encara de frente o
que tanto atormentou a vida dele por anos.
Johnny
Bonner resolveu fazer um tour bem detalhado pelas antigas instalações, a fim de
confrontar seus fantasmas, enquanto Dick Colon foi consolado por Roger Kiser.
Ao
lembrar de quantas vezes apanhou naquele casebre simplesmente por ser um guri
com dificuldades de aprendizagem.
O
motivo do encontro foi a colocação de uma placa confeccionada pelo próprio estado
da Flórida em reconhecimento ao sofrimento das vítimas do passado tenebroso
daquele edifício.
Assim
nos ex internos fizeram as honras em uma cerimônia histórica. Jerry Cooper fez
questão de participar da fixação da placa que declararia a casa branca
interditada para sempre.
Consta
escrito na placa:
Em memória às crianças que passaram por essas
portas, reconhecemos suas tribulações e ofertamos nossas esperanças de que elas
tenham encontrado alguma medida de paz.
Que esse edifício possa permanecer como um
lembrete da necessidade de nos mantermos vigilantes de proteger nossas crianças
enquanto as ajudamos a buscar um futuro brilhante.
A casa branca estava selada, mas a escola permanecia aberta. Na escola possui um cemitério estrategicamente construído. Onde os ex alunos prestaram suas homenagens às vítimas que não resistiram.
As causas-morte mais comuns eram doenças, fogo,
traumas físicos e afogamentos.
Mas sete morreram durante tentativas de escape.
Incluindo um garoto de 16 anos que sofreu
ferimentos por arma de fogo no peito e 20 morreram ao longo dos primeiros três
meses de admissão, diz o relatório.
Isso
é o que se sabe dos casos notificados. Mas não se pode ignorar as alegações dos
ex-alunos que testemunharam colegas sendo surrados até desmaiar.
No dia 19 de abril de 2009, se iniciou mais de 100 horas de
entrevistas com 27 ex-alunos que frequentaram a escola nos anos 50 e 60.
A
segunda publicada em 11 de outubro de 2009, baseada em mais de 8.000
documentos obtidos sob as leis de registro público pelo estado.
A
série recebeu o título For Their Own Good (“para o próprio bem deles”),
e teve como lema: Eles entraram lá danificados. E saíram destruídos.
O
grande tremido capataz foi procurado e sempre negou tudo, Troy Tidwell, o homem de um braço só é
considerado pela família como um homem maravilhoso.
No
dia 21 de maio de 2009, Tidwell, então com 85 anos, passou por uma audiência
onde negou diversas das acusações, inclusive a de ter surrado adolescentes com
calças abaixadas, ou por notas baixas, e de ter batido a ponto de tirar sangue.
Na
mesma audiência, Jerry Cooper passou por um detector de mentiras. Era preciso
descobrir quem estava mentindo: ex-aluno ou ex-superintendente?
As
perguntas e respostas foram:
Troy Tidwell lhe deu mais de 30 golpes naquela
noite em que pensou que você tivesse informação sobre um fugitivo? – SIM.
O senhor Tidwell e dois outros funcionários lhe
deram mais de 100 golpes no total naquela noite na casa branca? – SIM.
O senhor foi comandado naquela noite a enrolar
toalhas em volta de suas nádegas para conter o sangue? – SIM.
Acabando
o teste, verificou-se que Cooper o ex aluno falava a verdade.
Em
2010 os alunos denunciaram um cemitério que ficava ao lado norte da escola, que
foram acabar averiguando só em 2014.
Fora
que segundo os alunos, muitos dos meninos eram queimados no incinerador dentro
da escola. Eles ainda comentaram que
alguns alunos foram jogados aos porcos, junto com restos de comida.
A escola foi fechada em 2011 por questões financeiras. 1925 houve o caso do jovem Thomas Curry, então com 17 anos, que foi morto em circunstâncias misteriosas apenas 29 dias após sua admissão na escola.
Após o fechamento da escola, a Universidade da Flórida do Sul resolveu investigar os corpos enterrados no cemitério.
Os
corpos enterrados não tinham identificação, nem lápide, nem nada, enterrados
como indigentes.
Em 2012, o arqueólogo Richard Estabrook e a
antropóloga Erin Kimmerle descobriram 49 sepulturas na escola.
Embora
as escavações dos solos tenham iniciado em 2012, após a revelação de 31 sepulturas
não-identificadas, foi somente em 07 de agosto de 2014.
Que
os forenses puderam identificar o primeiro corpo dentre as novas 55 sepulturas
descobertas: foi o de George Owen Smith, um adolescente desaparecido no final
de 1940, aos 14 anos.
A
família o procurou durante a vida toda, onde a escola nunca esclareceu o que
havia ocorrido com o garoto. Por falta de recursos financeiros a família nunca
chegou ao corpo do garoto.
As
circunstâncias da morte permanecem misteriosas, mas a irmã de George Owen,
Ovell, com 85 anos, relatou ao The
Guardian que
“não imaginava que fosse viver o suficiente para ver esse dia”.
Ela
também reuniu algumas fotografias de George e as expôs na conferência de
imprensa, como uma pequena homenagem ao irmão.
Juntamente
com as sepulturas, doutora Kimmerle e doutor Eastbrook descobriram documentos
históricos que registravam 98 mortes.
Bem
como se descobriu que crianças de 5 anos eram acorrentadas e faziam trabalho
pesado, eram espancados e não recebiam educação.
67%
dos corpos encontrados eram de meninos negros, haviam registros de perfuração
de bala de arma de fogo
O
trabalho dos forenses continuou intenso até 2016, mas foi somente no ano de 2019, quando trabalhadores pesquisavam
os terrenos da escola utilizando um radas de penetração nos solos.
A
fim de limpá-los de qualquer poluição, que um adicional de 27 sepulturas foi
encontrado. A chocante revelação trouxe os forenses de volta ao trabalho.
Os
novos exames de solo realizados em 2019 foram basicamente ao acaso, após um
furacão arrasar o campus no ano anterior e os radares de poluição detectarem 27
novas sepulturas.
Alguns
familiares dos meninos mortos ainda esperam por justiça. Outros continuam
divulgando seus livros, como Roger Kiser.
Cujos
títulos mais conhecidos são Os Meninos da Casa Branca – Uma Tragédia
Americana, Um Ontem
Melhor e Pérolas da
Gentileza.
E
também o Richard Huntly, com destaque para as obras Éramos Apenas
Meninos e A Escola
Reformatória Mais Mortal da América – Eu Sobrevivi à Dozier.
Troy
Tidwell, o capataz de um braço só, nunca foi preso e se manteve trancado dentro
de casa com medo. Veio a falecer em 05 de fevereiro de 2021, aos 98.
Jerry
Cooper, aquele atleta faleceu em 19 de maio de 2022, após uma batalha contra um
câncer.
Quanto
ao campus onde tantas tragédias aconteceram, suas ruínas provocadas pelo
furacão de 2018 continuam no mesmo lugar, agora visitadas somente por pessoas
autorizadas.
Bem
eu peço desculpas pela quantidade de materiais, são muitas histórias sobre
esses meninos. Bastante relatos, inclusive bem fortes. Muito tristes e lamentáveis. A humanidade é
desumana demais.
Por
isso eu nunca acreditei na frase que o sol brilha pra todos, infelizmente
muitas pessoas não tem condições psicológicas para melhorar suas vidas, a
maioria nasce em lar desestruturado.
Os
planos do governo geralmente têm algo por trás que não traz os benefícios que
se prega nos programas.
Na
hora do vamos ver, no dia a dia é difícil quem se sobressai. Mas como eu não
desisto nunca, ainda tenho esperança num mundo melhor.
REFERÊNCIAS:
Trouxe o que consegui, claro através de referências que busquei no site:
https://adolespanko.wordpress.com/2022/09/24/os-meninos-da-casa-branca-final/
Bem
como um blog que fala especificamente sobre o assunto eu sugiro que vocês
acompanhem e leiam a matéria muito bem detalhada.
O
Blog; Já para o quarto, moça! https://adolespanko.wordpress.com/2022/08/13/os-meninos-da-casa-branca-iii/
Documentário incrível. Amei ler.
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